Curtas notas biográficas de Stewart Sukuma
Luís Pereira nasceu em 1963, em Cuamba, na província do Niassa. Muito cedo os seus pais separam-se, e a sua mãe viveu sozinha. Aos sete ou oito anos de idade, teve o primeiro contacto com a música, através de um presente que recebera no Natal. Ele beneficiou-se da prenda que davam a pessoas mais pobres: uma viola de plástico. Isso foi combinado com o gosto de ouvir rádio.
Três anos depois passou a fazer parte de um grupo de dança popular, onde fazia danças tradicionais. Foi, também, no grupo, onde aprendeu a tocar guitarra. Quando tinha 14 anos, foi para Maputo e passou a fazer parte de uma banda escolar. Quatro anos mais tarde tornou-se profissional: ganhava dinheiro cantando numa casa de entretenimento nocturna, onde fazia parte de uma banda residente.
Naquela altura, ainda não compunha, apenas fazia imitações de músicas de Lionel Richie, Commodores, Roberto Carlos, Paulo de Carvalho, e outros cantores populares.
Começou a compor quando participara de num concurso onde os participantes tinham de ter duas músicas próprias: originais e outras duas conhecidas. E Stewart escreveu Música Quente, sob influência de Jáfumega [banda de música portuguesa] e pelo músico Dany Silva.
O número foi um sucesso, mas tinha características muito diferentes do que era cantado em Moçambique, o que levou as pessoas ao acusar de plágio. Apesar disso, a única editora que existia na altura, em Moçambique, a Til Discos, quis assinar contrato com ele, mas Stewart só tinha uma música.
O artista não assinou, mas aquilo motivou-lhe a escrever mais. Depois, entrou para a Orquestra Marrabenta, que viajou muito, durante três anos. O grupo chegou, inclusive, a abrir o espectáculo para Mark Knopfler, em Inglaterra. Na Orquestra tocava percussão.
Stewart Sukuma gravou o seu primeiro disco, Afrikiti, em 1995, na África do Sul. A obra contou com a participação de Hugh Masekela, em dois temas. Masekela também estava a gravar nas terras sul-africanas.
Na altura, Stewart namorava uma jovem canadiana, e decidiram estudar nos EUA. Ela ia para Harvard, estudar resolução de conflitos, e ele iria estudar música na Berklee College. Contudo, a relação acabou antes da partida, mas decidiu ir na mesma.
Ele esteve na Berklee por dois anos, apesar de estranharem a sua presença, uma vez que já tinha um disco gravado. Não terminou o curso, mas um ano depois de sair, foi nomeado para o “board” [uma espécie de membro do conselho] da escola que selecciona os artistas africanos para lá estudarem.
Em 2005, tornou-se apresentador de televisão, em Moçambique, ocupação que ainda mantém. Três anos depois, lançou o CD Nkhuvu, onde participaram Lokua Kanza, Bonga, Jimmy Dludlu e Elizah.
Em 2012, Sukuma, registou a sua marca “Stewart Sukuma”, tornando-se no primeiro músico moçambicano a fazê-lo.
“Nkhuvu” antecedeu o disco-livro com dois CD´s e duas capas diferentes, lançado em 2014. De um lado, Os Sete Pecados Capitais, e do outro [contrário do livro], Boleia Africana, este último foi baseado na colonização da Península Ibérica pelos mouros. O outro foi gravado em Maputo, com uma vertente mais tradicional, 90% das músicas gravadas nas línguas nacionais, enquanto Boleia Africana foi gravado em português. O livro que acompanha os discos conta uma história.
Stewart é também activista social e cívico. Interliga a sua música a aspectos de cariz social. Por exemplo, já esteve envolvido na área da saúde e em coordenação com o Ministério da Saúde, em campanhas nacionais de sensibilização na luta contra o HIV/SIDA e Cancro da Mama. Tem-se associado a projectos de cidadania. Já foi parceiro do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) para consciencializar o povo moçambicano a exercer o seu direito de voto.
O artista aliou-se à UNICEF para propagar a importância dos Direitos Humanos e da Criança, tendo assinado com a instituição um protocolo de parceria. Foi o produtor musical do Projecto Música é Vida e, em 2012, foi nomeado Embaixador Nacional da Boa Vontade da UNICEF.
Com mais de 30 anos de carreira, é considerado um dos músicos mais dinâmicos da actualidade moçambicana, um símbolo da cultura moçambicana e da preservação do estilo musical Marrabenta. Stewart Sukuma é Sócio-Administrador da Stewart Sukuma, Lda., empresa que gere os seus e principais projectos nas diferentes áreas em que actua.
Prémios
Prémio Award – Ngoma Moçambique 1992 – Josefina
Melhor Canção do Ano – Ngoma Moçambique 1994 – Julieta
Melhor Canção do Ano – Ngoma Moçambique 1996 – Afrikiti
Melhor músico – Mozart Award /UNESCO 1997
Melhor Canção do Ano – Ngoma Moçambique 2008
Personalidade Cultural do Ano 2008 – Jornal Notícas
Melhor Canção do Ano – Ngoma Moçambique 2010
Melhor Canção Alternativa do Ano – MOAMAS 2010
Bibliografia
Stewart Sukuma, 2016 [consult. 2016-08-20 20:38:01]. Disponível na Internet: http://sukuma.com/index.php/pt/bio
Público, 2016 [consult. 2016-08-20 21:15:38]. Disponível na Internet: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/para-stewart-sukuma-tudo-comecou-com-uma-viola-de-plastico-aos-7-anos-1675558