Revista Biografia

Admira António

É a primeira mulher comandante de avião comercial em Moçambique. Admira Juliano Matula António é o seu nome. Nasceu a 5 de Maio de 1989, é filha de Juliano António e Nosstina Sueia. Cresceu no seio de uma família alargada e vivia no bairro do Jardim (cidade de Maputo), próximo da casa das tias, facto que contribuiu para estar sempre próximo dos primos e visitar o jardim Zoológico.

Os seus pais eram muito regrados, o que incentivou a jovem a ter de iniciar os estudos um pouco mais cedo. Aos quatro anos de idade já ia à escolinha, e aos cinco ingressou para escola primária. O pai, que trabalhava e vivia na África do Sul, a dado momento decidiu que a sua família tinha de ir viver nas terras sul-africanas. Foi na África do Sul (RAS) onde deu continuidade aos estudos. Aliás, teve de recomeçar, porque não dominava a língua inglesa.

Na RAS era só escola. Os seus pais tinham um negócio e aos fins-de-semana, juntamente com os seus irmãos, ajudavam os progenitores na actividade comercial. As férias eram passadas nas praias da província de Inhambane e no campo, no distrito de Inharrime, porque a família é natural da chamada terra da boa gente.

O desejo de ser piloto nasceu quando tinha perto de oito anos de idade. Ela vivia numa casa com um enorme quintal e não saía muito. Via os aviões a sobrevoarem por ali e ficava encantada.

Publicidade

Durante as viagens que fazia para Moçambique, quando estava de férias, ficava atraída quando apreciava a natureza a partir do espaço. O seu pai era mecânico de carros e Admira sempre aproximava-se para ajudar a mexer aquelas máquinas. Esta mistura de acontecimentos acabou plantando nela o sonho de infância de ser piloto.

Alguns anos depois, o seu irmão soube, por meio de um jornal, que havia um concurso público na AirLink, uma companhia aérea sul-africana. Partilhou a informação com Admira e ajudou a irmã a preparar e submeter os documentos. Ela ganhou a vaga e passou a viver no ambiente dos seus sonhos. Começou por fazer serviço de terra: como encaminhar os passageiros.

Depois de terminar o ensino secundário ingressou para Lanseria Flight Center, na África do Sul, onde frequentou o curso de piloto, fazendo as primeiras 35 horas de voo. Foi um ano de aula teórica e prática, em simultâneo. Quando terminou voltou para Moçambique, em 2012.

O curso é muito caro, mas os seus pais conseguiram custear as despesas da primeira licença, que permitia ser piloto particular. Para ser piloto comercial, grau que permite transportar passageiros, o custo era mais elevado, por isso quando voltou para Moçambique procurou ter bolsa para o efeito e conseguiu.

Ela integrou o grupo de cadetes da LAM que participou do curso para Pilotos Particulares de Aeroplanos, tendo nessa ocasião somado mais 26 horas de voo. Ainda em 2012, e de novo com os pais a investirem na formação da filha, Admira aumentou as suas horas de voos antes de se juntar aos Cadetes da MEX – Moçambique Expresso, que foram à formação na South African Flight Training Academy. Foi lá onde obteve a licença de Piloto Comercial de Aeroplano.

Em Janeiro de 2013, foi à França fazer a especialização ‘Type Rating’ para pilotar as aeronaves do tipo Embraer 145, na qualidade de co-piloto. Por outra, Admira começou a sua carreira profissional aos 23 anos de idade.

Como resultado do seu excelente desempenho profissional, boas pontuações atribuídas pelos comandantes com quem realizou os voos, e bons resultados nos actos de formação, Admira António obteve a certificação para ser a primeira mulher moçambicana a assumir o comando de uma aeronave comercial em Moçambique.

Admira António foi promovida a comandante de linha aérea nas aeronaves do tipo Embraer 145 da MEX – Moçambique Expresso, companhia subsidiária da LAM (Linhas Aéreas de Moçambique), em meados de 2018. Para a jovem, pilotar avião é viver um sonho, uma maravilhava que a deixa tão emocionada ao ponto de perder palavras para explicar.

Quando pequenina, o primeiro desafio que teve de superar para não deixar morrer o sonho, foi o preconceito. Na sua infância e adolescência, quando dizia que queria ser piloto, as pessoas achavam isso anormal e afirmavam que não era profissão para mulheres.

Ao entrar para o mundo, viu que a profissão em si dá uma responsabilidade enorme, porque o piloto tem de ser muito regrado, disciplinado, ler e estudar muito. A paixão acabou conduzindo-lhe a mergulhar nesse estilo de vida.

About Author /

É jornalista e webdesigner desde Setembro de 2013. Na sua caminhada jornalística, está registada sua passagem pelo jornal O Nacional; Revista ÍDOLO, onde chegou a desempenhar as funções de editor executivo; para além de ter sido oficial de marketing digital na Ariella Boats. Foi, também, jornalista correspondente da Revista MACAU, em Moçambique. Actualmente é jornalista do jornal Notícias. É, desde 2020, licenciado em jornalismo, pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Sua caminhada no mundo do empreendedorismo digital iniciou com o lançamento da plataforma Biografia, em 2016. É também, o fundador do site evangelístico Chave de Davi, em 2018; e da loja online O Ardina Digital. Todos projectos foram concebidos ao lado do seu amigo Deanof Potompuanha.

Leave a Comment

Your email address will not be published.

Start typing and press Enter to search