Revista Biografia

Énia Wa Ka Lipanga

Énia Wa Ka Lipanga é como é conhecida. É um pseudónimo. Na verdade é como quem diz Énia de Lipanga. “Wa Ka” é XiChangana, uma das mais de 20 línguas nacionais existentes em Moçambique, e significa “pertence à” ou “de”. Contudo, seu nome é Énia Stela Lipanga.

A poetisa nasceu em Maputo e cresceu no bairro Luís Cabral, ao lado da sua mãe Cacilda Guibunda, e seus sete irmãos. Seu pai Armindo Maurício passava mais tempo na África do Sul, onde trabalhava.

Do seu ventre vieram à existências três filhos, nomeadamente: Marlon (15 anos), Waisy (8) e Dádiva (4). Os seus filhos influenciaram directamente a forma de ser e estar da Énia nos dias de hoje. A experiência de mãe ensinou-lhe a ser uma mulher de foco e determinação.

Mas recuemos um pouco o tempo. Énia teve uma infância activa, liderando seu grupo de amigos.Passou pela Escola Primária de Luís Cabral, onde frequentou o primeiro grau; Escola Primária do Jardim, onde fez o segundo grau; e Escola Secundária Josina Machel, onde concluiu o nível médio.

Apaixonada pelo Jornalismo e pela vontade de ajudar outras mulheres que não conhecem os seus direitos, a rapper tem um curso de Direito por concluir na Universidade São Tomás de Moçambique. Mas actualmente cursa jornalismo na Universidade Pedagógica (UP). Tem especial admiração pelo seu irmão mais velho, Cremildo Lipanga, jornalista parlamentar.

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Com o seu jeito original, a feminista tem incentivado mulheres através da sua arte a libertarem-se dos preconceitos normalizados pela sociedade. O posicionamento de Énia é resultado das pessoas com quem convive, bem como dos livros que lê. As obras literárias ajudam-lhe a sofrer transformações a cada dia.

Lipanga vê a liberdade como um elemento importante na vida de todos os seres humanos, sobretudo o respeito pelas liberdades alheias, com destaque para a da mulher que vê uma sociedade onde as práticas sociais nocivas que muitas vezes privam a mulher são normalizadas.

Vida aliada a poesia

O seu gosto pela literatura surgiu entre os 12 e 13 anos de idade. Mas o despertar foi mais tarde, quando Énia frequentava a Escola Secundária Josina Machel.

Ao apreciar os seus textos, a sua professora deparou-se com a arte da Lipanga nos papéis, e decidiu oferecer-lhe alguns livros, entre os quais, do renomado escritor José Craveirinha, o qual Énia tem como influência no mundo literário. Foi nesse contexto que nasceu o seu primeiro poema, “Minha Dança”. Esse texto procura retratar a dança que Énia fazia quando pequena.

O seu percurso profissional iniciou aos 16 anos, tendo trabalhado em organizações como a rádio Super FM, o portal Folha de Maputo, Irex e o programa de facilitação e treinamento de jornalistas Mídia Lab. Colaborou com a Televisão Gungu e actualmente faz parte de uma associação denominada H2N, que trabalha com comunicação baseada na comunidade, onde Énia lida com assuntos ligados ao género.

Lado a lado, estão Énia e a poesia em todos os momentos, principalmente nos mais tristes, usando a sua arte para se libertar, por isso os momentos mais tristes são os que a poetisa costuma escrever um pouco mais que o habitual. Para ela, e escrita passou a transcender a inspiração, escrever e ler são seus compromissos diários.

Seu percursocomo poetisa é blindado de momentos memoráveis, dos quais ela lembra com alegria a homenagem feita no Brasil do poema “Sou África”, e uma declamação do mesmo poema num concurso de um programa televisivo pela pequena Ana Milena. A mesma despertou na feminista a responsabilidade que esta tinha com as crianças, sobretudo tendo em conta as mensagens dos seus versos, devendo restringir suas mensagens.

Dos múltiplos talentos de Lipanga está a pintura livre, a costura e também desenha modelos de roupas. No seio da sua comunidade, a rapper tem momentos de leitura e pintura com as crianças. Ela defende que todos deviam abraçar um papel social comunitário.

About Author /

É jornalista e pesquisadora desde 2016. Em 2019 foi graduada pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), e considerada a melhor estudante do curso Licenciatura em Jornalismo. Como jornalista passou pela rádio Voz Coop; Espaços de Inovação da UEM; e Votar Moçambique, como gestora de redes sociais. Fez parte do Centro de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, e do Centro de Estudos Africanos. Conta com um artigo sobre Direitos Humanos publicado internacionalmente e um capítulo de um livro pelo CEC. Entrou para o empreendedorismo em 2020, quando fundou a Mozmusas, um estúdio de tranças.

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