José Machava

É jovem estudante universitário e desde a sua adolescência trilha os passos de desenvolvedor de softwares. José Machava é o seu nome e é director executivo da Kutiva. Entre vários softwares que já criou e vendeu à empresas privadas, destaque vai para a sua inovação mais recente que promete alavancar o e-commerce (“lojas online”) em Moçambique.

Trata-se de uma solução criada por cima da API do M-Pesa, que permite que toda pessoa com loja online possa integrar o sistema de pagamentos online pelo M-Pesa sem precisar de passar pelo processo burocrático.

Basicamente, ele criou um software que desempenha as mesmas funções de um agente M-Pesa comum. Agora, quem pretende abrir uma loja online e receber pagamentos directamente em seu site pelo M-Pesa de Moçambique, segue o procedimento de quem está abrir uma conta num agente. Assim, a pessoa que quiser abraçar o negócio online já não precisa se preocupar em abrir empresa e esperar cerca de dois meses para ter as credenciais junto do M-Pesa, porque em cinco minutos pode ter o processo de integração do M-Pesa concluído.

A solução já está a ser utilizada por três lojas em Moçambique, entre elas uma “startup” e editora.

O seu amor pela tecnologia iniciou na Escola Secundária da Liberdade, na Matola. Foi nos tempos do então famoso site “Waptrick”, onde adolescentes da época baixavam jogos para os seus telemóveis.

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Naquele tempo, ele e seus amigos fizeram uma versão do site “Waptrick” à moda moçambicana. Queriam criar um site para partilhar jogos com os colegas da escola, e deram o nome de Kutiva. O site foi muito popular no seio dos colegas, e o nome acabou ficando como marca da empresa. Fundou a Kutiva com o seu amigo Jeremias Fondo. Todos colegas ficaram deslumbrados e até hoje continuam chamando-lhes de Kutiva.

De um site de jogos, Kutiva tornou-se empresa desenvolvedora de softwares. Quando entrou para a Universidade São Tomás Business School, onde cursa Licenciatura em Ciência Computacional, a Kutiva tornou-se uma academia.

Tudo deve-se ao facto de, durante o seu percurso académico, ter notado que as matérias aprendidas na universidade já não se enquadravam à realidade actual do mundo da informática. Aquele é um mundo muito dinâmico e os livros têm conceitos antigos. Só para ter uma ideia, há 20 anos não havia WhatsApp, Facebook e coisas parecidas. E como estudante viu que era muito difícil uma universidade acompanhar esta rápida evolução, por isso avançou para o projecto Kutiva Academia, onde formam os estudantes para o mercado de trabalho, ou seja, com habilidades que as empresas dos dias de hoje procuram.

A academia funciona em parceria com a USTM e está em curso já há quatro anos. José Machava defende que as instituições de ensino que lidam com o mundo de informática precisam de investir na mente aberta e disposta a ouvir jovens, avançando para uma combinação de técnicas antigas e novas para que as matérias que leccionam não estejam desactualizadas, uma vez que quem promove a evolução são os jovens e entusiastas.

O jovem está, também, envolvido em comunidades de desenvolvedores fora do país. Já participou como palestrante em conferências internacionais em países como Namíbia, Zimbabwe e África do Sul. Já foi contactado por empresas como “Twiter”, “Google” e outras firmas de alto nível no ramo tecnológico. Aliás, chegou a estar no processo de recrutamento para trabalhar como engenheiro de software do Facebook, em Londres, mas na altura (2016) era muito novo e não estava ao nível das exigências daquelas companhias. Actualmente, o seu foco é, através da tecnologia, desenvolver soluções para diversos problemas do “mundo tec” moçambicano.

Aos adolescentes e jovens que pretendem abraçar a tecnologia, José Machava alerta que o primeiro requisito para o êxito na informática é a paixão, e o segundo é viver a tecnologia diariamente, isto é, investigar sempre.