Revista Biografia

Espectáculo do amante da noiva

Aconteceu numa casa na Matola… Foi numa tarde de domingo, num ambiente festivo, numa casa com um enorme quintal e uma dependência encostada no fim do quintal. Não tinha o habitual muro de betão, o quintal era protegido por plantas de espinhosa desorganizadas.

Inúmeras mesas estavam no quintal, todas elas ornamentadas com pano branco e vermelho. As cadeiras à volta das mesas também estavam ornamentadas com pano branco. Tudo lindo!

Os noivos e os padrinhos estavam numa mesa rectangular, de costas para a entrada da casa, de frente para os convidados. A mesa também estava decorada com as cores brancas e vermelhas. O noivo estava de um fato preto e uma camisa branca, a noiva estava de lindo vestido branco, com detalhes florescidos na zona do peito. Lindo casal!

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Em Moçambique, geralmente casa-se ao sábado, no registo. Vai-se para casa dos pais da noiva, de noite, e depois à tal noite de núpcias. No domingo a festa continua na casa dos noivos. Com aquele casal não foi diferente.

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O ambiente era de muita alegria. Estavam entre os convidados amigos, familiares, vizinhos, e colegas do serviço. Era muita gente a testemunhar o momento histórico da vida amorosa de Marcos e Vilma.

A temperatura estava óptima para festa de casamento. Apenas tiveram de montar a lona na zona da mesa dos noivos, os convidados estavam ao ar livre, num dia de céu coberto de nuvens.

Na mesa que estava em frente  a dos noivos, estava sentado o grupo de cortejo. Eram jovens, as mulheres estavam de vestido no modelo fiesta, que ia até aos joelhos, era um vestido feito de capulana com florinhas meio amarelas. Os homens vestiam calças de pano pretas e camisas de mangas cumpridas feitas de capulana, com cores iguais ao dos vestidos das mulheres.

Por volta das 13 horas, estavam todos envolvidos com os “pratos”. As comidas eram feitas por um grupo de irmãs da igreja na casa vizinha e era trazida e servida em banhos que estavam numa mesa no quintal da festa, cada um ia servir com o seu prato.

Todos comeram… Todos beberam… Os convidados desfrutaram do que lhes agradava, tinha quase todo tipo de comida habitual para uma festa de casamento. Enquanto comiam, ouviam um instrumental agradável. Estava tudo muito lindo, nem parecia casamento de família humilde. Notou-se que aquele casamento foi preparado com muita antecedência.

Depois seguiu-se o momento de oferta de presente para os noivos. O som do DJ foi desligado para permitir que cada grupo que ia entregar os presentes na mão dos noivos pudesse cantar canções nativas, propícias para animar aquele momento do casamento.

Aquele não só foi um momento alegre como também foi meio agitado. As canções, por vezes, faziam parte dos convidados ficarem de pé e aplaudirem com euforia. Depois de uns três grupos oferecer os presentes, a noiva deu sinal ao noivo, pedindo que ele se ausentasse, pois queria ir à casa de banho. A noiva chamou a primeira cabeçalho do cortejo para ajudar com o vestido de noiva e saíram juntas em direcção à casa de banho. O noivo permaneceu com os padrinhos a receber presentes alegremente.

Quinze minutos… 30 minutos… Nem a noiva nem a primeira cabeçalho do cortejo voltavam da casa de banho. Vendo a demora, o noivo procurou saber do padrinho, e este mandou a madrinha para ir procurar saber o que estava a acontecer na casa de banho.

Nas calmas, a madrinha foi à casa de banho, e quando lá chegou… ficou escandalizada. Não estava a acontecer nada na casa de banho. Ninguém estava lá. A pastora não voltou, olhou para areia e seguiu as pegadas da biqueira da noiva no chão, saindo de uma das brechas do “muro” feito de plantas de espinhosa, andando na rua seguindo as pegadas acabou por perguntar as pessoas na rua, que lhe informaram que tinham visto uma mulher vestida de noiva a entrar num carro, conduzido por um branco.

A madrinha voltou com o rosto de preocupação. Chamou o padrinho à parte e disse-lhe em segredo: a noiva fugiu, viram a entrar num carro de um branco. O padrinho ficou nervoso, aquele pastor não podia acreditar numa coisa daquelas.

Ainda no momento de oferta de presentes, o padrinho chamou o seu afilhado para dentro de casa e informou ao noivo. O rosto do jovem ficou cristalino em poucos segundos, cheio de lágrimas. O jovem entrou em desespero, entrou em pânico, chorou aos berros.

Lá fora, a notícia acabou por circular à velocidade de uma bomba em explosão: a noiva fugiu, a noiva fugiu, a noiva fugiu. Instalou-se um caos entre a família da noiva e a família do noivo. O noivo estava aos prantos dentro da casa, nem o pastor conseguia consolar. A festa acabou.

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É jornalista e webdesigner desde Setembro de 2013. Na sua caminhada jornalística, está registada sua passagem pelo jornal O Nacional; Revista ÍDOLO, onde chegou a desempenhar as funções de editor executivo; para além de ter sido oficial de marketing digital na Ariella Boats. Foi, também, jornalista correspondente da Revista MACAU, em Moçambique. Actualmente é jornalista do jornal Notícias. É, desde 2020, licenciado em jornalismo, pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Sua caminhada no mundo do empreendedorismo digital iniciou com o lançamento da plataforma Biografia, em 2016. É também, o fundador do site evangelístico Chave de Davi, em 2018; e da loja online O Ardina Digital. Todos projectos foram concebidos ao lado do seu amigo Deanof Potompuanha.

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