Revista Biografia

O Monumento!

O monumento localizado no centro da antiga praça Mac Mahon, actual Praça dos Trabalhadores, na baixa da cidade de Maputo, capital moçambicana, tem duas histórias, das quais uma é contada pelos habitantes e outra pelos livros que falam da era colonial.

As segundas edições dos livros MEMÓRIAS DE LOURENÇO MARQUES; e LOURENÇO MARQUES, publicados em Lisboa (Portugal), nos anos 2004 e 1966, respectivamente (disponíveis no Arquivo Histórico de Moçambique, em Maputo), explicam que o monumento foi instalado naquela praça com a finalidade de homenagear os mortos da primeira guerra mundial.

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Segundo os livros, o monumento foi esculpido em pedra de Cabris e mede 14,30 metros de altura. Sobre a base foi erguida a figura da pátria, sustentando na destra as quinas (que simbolizam, na bandeira de Portugal, os cinco reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique) e na esquerda um escudo e uma espada. No lado inferior direito da figura erguida está uma serpente que simboliza o valor científico das grandes navegações portuguesas.

Os livros documentam, ainda, que o monumento é obra do escultor Rui Roque Gameiro e do arquitecto Veloso Reis Carameto. A obra foi inaugurada a 11 de Novembro de 1935, numa cerimónia dirigida pelo engenheiro Silva Carvalho; cravado no pedestal do monumento que a estrutura simbólica é em homenagem aos combatentes da primeira grande guerra mundial.

Imagem extraída do site The Delagoa Bay World

Entretanto, residentes e frequentadores da cidade capital contam uma história diferente da que se encontra presente nos livros consultados.

Para os inúmeros munícipes entrevistados, o monumento está ali porque “há muito tempo a actual Praça dos Trabalhadores era mato e existia uma cobra que picava cabeças das pessoas que passavam por aqui, mas esta senhora que está no monumento tornou-se vencedora porque ferveu farinha, pôs na panela de barro e colocou na cabeça. Quando a cobra quis picá-la entrou na panela e queimou. Como a papa estava muito quente a serpente não resistiu e morreu. Portanto, esta senhora é uma heroína”.

Praça Mac-Mahon (actual Praça dos Trabalhadores) antes da inauguração do monumento. Esta imagem é de aproximadamente 1920 e foi extraída do site The Delagoa Bay World

Questionado sobre a existência dos relevos decorativos evocando Mecula, Quivambo, Nevala e Quionga um dos nossos entrevistados, José Machaeie, 58 anos de idade, trabalhador da praça desde 1978, disse que os relevos, que têm desenhos de pessoas com diversos objectos em suas mãos, como a arma por exemplo, estão presente no pedestal em memória dos que morreram vítimas da cobra, e os diversos objectos que têm nas mãos simbolizam o quão eles lutaram para matar a serpente que só a senhora que está sobre a base conseguiu o fazer.

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É jornalista e webdesigner desde Setembro de 2013. Na sua caminhada jornalística, está registada sua passagem pelo jornal O Nacional; Revista ÍDOLO, onde chegou a desempenhar as funções de editor executivo; para além de ter sido oficial de marketing digital na Ariella Boats. Foi, também, jornalista correspondente da Revista MACAU, em Moçambique. Actualmente é jornalista do jornal Notícias. É, desde 2020, licenciado em jornalismo, pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Sua caminhada no mundo do empreendedorismo digital iniciou com o lançamento da plataforma Biografia, em 2016. É também, o fundador do site evangelístico Chave de Davi, em 2018; e da loja online O Ardina Digital. Todos projectos foram concebidos ao lado do seu amigo Deanof Potompuanha.

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